domingo, 23 de dezembro de 2007

Natal

Faltam 2 dias para o Natal. Com o passar do tempo apercebo-me que o Natal tem magias diferentes. O que depende da nossa idade, da nossa condição económica. . . Mas especialmente da nossa condição 'mental'! Nós, simples pessoas, podemos passear pela Baixa Lisboeta, lá encontramos O Natal.
Nesta época viramo-nos bastante para nós, para a nossa família e para os nossos amigos mais próximos, não digo que esteja errado porque não está, mas esperimentemos passear na Baixa, por exemplo, sentir não só o nosso Natal e o da nossa família, mas também o Natal dos outros.
Ao sairmos do metro nos Restauradores, é eminente o cheiro a Natal, as luzes as pessoas que transbordam prendas, para a mãe e para o pai, para o irmão e para a irmã, para o tio e para a tia, para o primo e para a prima, para o filho e para a filha, para o sobrinho e para a sobrinha, para o neto e para a neta, para o amigo e para a amiga, para o cão e para o gato, para o vizinho e para a Sra. do café . . . CHEIOS de prendas! No entanto, é nesta época em que as ruas da baixa estão mais cheias de nunca, mais cheias de mendigos, mais cheias de pedidintes, mais cheia de pobreza, no meio de tanta podre riqueza. Olho à minha volta penso, quem está certo? Aqueles que pedem? Aqueles que dão? Aqueles que não dão? Aqueles que não olham? Aqueles que apenas olham? Reparo na esquina de uma ruela numa frase escrita a tinta de pintar paredes, ''Aqui mora a fome'' . . . Eu sei, há tanta diferença, mas será que esta fome se esforça?! Será que a Fome tenta não ter fome? Ou será que a Fome tem outras prioridades sem ser ter de comer?
Do outro lado da rua estão aqueles que talvez não sabem o que é ter fome, apenas conhecem o apetite. Esses que estão cheios, não só de comida, mas de embrulhos, aparências, sorrisos, prendas... cheios de futilidades. Noutra esquina encontra outra frase, já no Chiado as luzes acendem-se, se olharmos para cima é tudo mágico, se olharmos para baixo ... nem tenho palavras. Para além dos fúteis passos dados com saltos altos e casacos de pele, há pés nus, mãos geladas, garrafas de plástico cortadas ao meio que valem 30 cêntimos.
Será certo colocar mais 50 cêntimos lá dentro? E se não for para matar a Fome? O que me faz pensar que naquela rua está tudo errado é quando um rapaz bastante simpático, sem mau aspecto me pede uns trocos porque quer comer, está a juntar 5 euros para comer uma refeição. Fico incomodade pela 'fome', mas penso 5 euros? Para a Fome 5 euros é um banquete! Para o 'héroi' 5 euros é um grão de areia.
Este é o verdadeiro Natal! Já sem esperança, surge a peque esperança. No meio de tanta gente que pede, de tanta gente que dá, de tanta gente que compra e não dá... ABRAÇOS GRÁTIS! Um simples gesto, reconfortante, a prenda perfeita neste Natal.

EM

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